O IBGE anunciou em 10 de março, queda de 1,22% no preço da carne em fevereiro de 2023 – a maior em 15 meses – com a picanha como corte de maior redução (2,63%). Durante a campanha eleitoral, o presidente Lula (PT) afirmava que um dos seus objetivos era fazer o “pobre voltar a comer picanha”. Logo, a queda no preço da carne virou debate político no Twitter, opondo a militância ligada ao presidente e a militância que faz oposição ao petista.
Entre 10 de março e 14 de março (até 16h), a Vox Radar contabilizou 52,8 mil conteúdos (entre postagens originais, comentários e compartilhamentos) que mencionam diretamente o termo “preço” associado à carnes.
Esse número é mais de 20 vezes maior que o número de conteúdos gerados entre 05 e 09 de março, quando o debate sobre o tema estava dentro da normalidade.
O recorde de conteúdos ocorreu justamente em 10 de março, data da divulgação dos índices pelo IBGE.
Ao todo, foram cerca de 10 mil postagens, que geraram 7,3 mil comentários e foram compartilhadas quase 40 mil vezes e curtidas em cerca de 600 mil ocasiões.
Reforçando que foram contabilizadas apenas as publicações com menções textuais diretas ao preço das carnes.
Justamente a picanha foi o corte mais mencionado nos conteúdos dentro do período de análise, constando em cerca de 40 mil, pouco acima dos conteúdos que citaram o termo “carne” como um todo. O filé foi outro corte com relevância no debate, com pouco menos de 7 mil conteúdos. Ainda houve um número relevante de posts com menções à costela, alcatra e carne de frango.
Em outra análise, foi verificado que o presidente Lula foi o “assunto” mais associado aos conteúdos relacionados à queda dos preços da proteína animal, com cerca de 20 mil aparições.
Os dados do gráfico acima evidenciam a disputa de narrativas na rede. Muitos dos temas aparecem juntos em conteúdos publicados no Twitter, pois o contraponto ao “mérito” de Lula está centrado em argumentos diversos que convergem a um eixo principal: a queda se deve à ajustes feitos pelo mercado.
Esses ajustes ocorreram diante da diminuição de exportações, sobretudo à China, por conta da doença da Vaca Louca, que faz aumentar o estoque e, consequentemente, abaixar os preços, inclusive da picanha.
Picanha evidencia Lula
Na análise dos cinco conteúdos com mais engajamento sobre o tema, fica claro que a gestão de Lula encontra um cenário positivo. O presidente é mencionado em três desses conteúdos, dois deles foram feitos por políticos de esquerda: o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL/SP) e o deputado federal Paulo Guedes (PT/MG).
A postagem mais relevante de contraponto à tese lulista é a sexta de maior engajamento. O perfil foca na tese de que a diminuição do preço não se deve a Lula, mas sim a uma série de questões relacionadas à exportação da carne.
Por meio da geolocalização fornecida por usuários do Twitter, a Vox Radar verificou com o debate na rede foi disseminado pelo país, com as capitais mais populosas gerando mais conteúdos e interações sobre a carne de modo geral e a picanha. São Paulo foi a cidade que mais engajou o debate, tendo mais que o quádruplo de interações que o Rio de Janeiro.
Além das duas cidades, apenas Brasília e Recife contaram com mais de mil interações em publicações sobre o tema. Em termos de postagens, São Paulo, Rio, Brasília e Belo Horizonte são as únicas cidades com mais de cem posts sobre o preço da carne.
Já em termos de gênero, há uma ampla maioria de presença masculina no debate em torno da redução do preço da carne, com três quartos do total de publicações sobre o assunto.
