O mês de fevereiro vem sendo marcado pelo debate político em torno do Banco Central (BC). O presidente Lula é crítico, entre outras coisas, da manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano. Na opinião do presidente, o Banco Central trabalha com uma lógica de “arrocho” na economia, quando deveria viabilizar o retorno do crescimento. O petista também critica a meta da inflação, enquanto Roberto Campos Neto, presidente do BC, defende que mudar a meta da inflação teria efeito negativo para o Brasil. Outro ponto de destaque no debate é a independência do Banco Central, que impede que Lula demita Campos Neto, que foi nomeado por Jair Bolsonaro. 

O debate em torno do BC, claro, gerou repercussão nas redes. A Vox Radar contabilizou 40,5 mil postagens no Twitter citando o Banco Central, entre 02 e 16 de fevereiro. Essas publicações foram feitas por 19,4 mil usuários e compartilhadas em 278,5 mil ocasiões.

A imagem acima mostra alguns picos de menções ao BC. O principal deles ocorreu em 7 de fevereiro, dia seguinte à posse de Aloizio Mercadante como presidente do BNDES. Na ocasião, Lula intensificou as críticas ao BC e à sua política monetária.

Na nuvem de palavras mais citadas em postagens que mencionam o Banco Central, podemos verificar que Lula e a independência do banco, assim como os juros, são os temas centrais.

Campos Neto também registrou pico de menções em buscas ao seu nome no Google, com 7 de fevereiro sendo o dia de maior número de buscas em 12 meses. Na imagem abaixo mostramos uma fração dessa evolução, com as buscas entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023.

A autonomia do Banco Central

Uma análise quantitativa realizada pela Vox Radar verificou que a “autonomia do BC” é o tema mais presente nos conteúdos (postagens originais e RTs) que citam a instituição, se aproximando da marca de 100 mil. Outro tema predominante são os juros/taxa Selic, que constam em mais de 70 mil conteúdos. Os demais temas mais debatidos somados não chegam a esses números.

Vale frisar a presença do Roda Viva entre os temas mais relevantes. Apesar de poucos conteúdos, comparado a outros temas, ele concentrou sua repercussão no dia 14 de fevereiro, data em que o programa da TV Cultura entrevistou Campos Neto, gerando um dos picos de menções ao BC.

Os personagens

O levantamento mostra ainda que Lula é o personagem mais presente no debate, seguido por Campos Neto, entre cerca de 250 mil conteúdos que citam o Banco Central associado a alguém.

Bolsonaro também é muito presente, por ter sido o responsável por levar Campos Neto à presidência da instituição. O ex-presidente, inclusive, é quase tão citado quanto Lula nas postagens que mencionam o BC e o seu presidente. Fernando Haddad e o ex-ocupante do seu posto, Paulo Guedes, também aparecem em conteúdos envolvendo o BC.

Debate de antagonistas

A Vox também verificou os posts que geraram mais engajamento citando o Banco Central. Fica óbvio que há uma disputa de narrativas pró-Lula – focada em fortalecer o presidente ante Campo Neto – e anti-lula, narrativa focada em críticas na condução econômica do presidente e na tentativa de trazer Bolsonaro ao debate. Essas lógicas são ilustradas nos cinco tweets com mais interações sobre o tema.

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL/SP) é o aliado de Lula com mais engajamento no contexto que envolve o Banco Central.

Raio-X de quem postou

Nosso levantamento também constatou a predominância de pessoas do gênero masculino e da região Sudeste no debate envolvendo o Banco Central. Os dados se baseiam nos usuários que informam seu gênero e localidade no Twitter. São Paulo é a cidade com mais postagens sobre o tema.